NOSSAS CULPAS.



                                                 

Foram-se as esperanças,foram-se as fantasias, acabaram-se os sonhos...ficaram só as dívidas!
Dívidas de uma conta de juros impagáveis,ingratidão maior  de absoluta desnecessidade e afobações ansiosas movidas por um comportamento doentio, inquieto, indefinido, irreal,tumultuado,arrogante e inexplicável.
Se já e difícil entender as razões de um coração em mentes não assoladas por tsunamis de vingança e sede de desforras, imagine, neste!
Ser humano complicado,indecifrável,que não sabe pedir que, nunca foi formatado para dialogar e sempre com um pé atrás.
Vida safada de ser vivida!
Quantos dos nossos valores, hoje precisam ser revistos? 
Quantas das nossas ações diuturnas merecem serem revistas quanto aos seus temperos existenciais, o muito sal que carregam ou muito apimentadas para tornar a digestão da comida da vida diferente das porções fatais da morte?
Parece que o ser humano prefere apostar na infelicidade.
É isso! 
Os seres humanos sentem culpa dos prazeres , dos momentos de felicidade, das possibilidades de viverem integralmente sobre o mormaço tenro de um sol aconchegante.
Herbert Marcuse, no livro, Eros e Civilização tentou explicar isto, através de uma interpretação filosófica e psicanalítica.
Dizia que no clã original, primeiro grupo familiar que existiu,o pai primordial era dono dos prazeres da mãe e da natureza e aos filhos cabia, somente, trabalhar.
Um dia, este filhos se revoltaram e queriam, porque queriam também, os prazeres da mãe e da natureza e não só os trabalhos e sacrifícios e então, mataram o pai.
Livres do jugo explorador das suas vontades maiores, os filhos no entanto, sempre que experimentavam os prazeres da vida, pelo qual mataram o pai, sentiam um profundo desconforto psíquico e do corpo que,e não sabiam explicar.Era uma dor aguda!
A explicação?
Culpa!
Sentimentos de culpa permeiam a maioria das ações de todos nós e eles corroem nossas chances de felicidade integral.
Expiar nossas culpas pode ser uma boa reflexão para podermos melhorar nossas qualidades de vida e prazeres que elas nos oferece. 
Esta época do ano, costuma ser boa conselheira.

CAMPEONATO.

Vai começar a partida.

Início de jogo é sempre de provocações, escondendo o respeito e o medo.
Tentamos desestabilizar a segurança do adversário, usamos as armas da retórica.
Ao irmos para o meio do campo para começar a partida, nos olhamos em desafio, lados opostos, imaginando o que vai acontecer e, claro, querendo ganhar o jogo.
E começa o clássico, EU X VOCÊ.
Vou rolando a bola, você marcando em cima.
Dou um passe pra mim mesmo, mato no peito e avanço com a bola controlada.
Você me rouba a bola e dispara em sentido contrário.
Corro atrás, tento retomar a redonda, tento uma, você escapa, tento duas, você consegue retomar, tento três e faço falta.
Você ri e cobra, mandando a bola pra você, já centroavante.
Disparo pra posição de zagueiro, me coloco e você chuta.
Pontaria errada. Ansiedade demais faz errar o chute e é tiro de meta.
Goleiro que sou, me preparo pra lançar a bola para o campo adversário. Chuto e corro pra chegar à ela, recebo e rolo, com o peito do pé, olhando pra trás pra medir à que distância você está.
Deixo que você se aproxime e te driblo, e dou chapéu e passo-a entre suas pernas, levanto a bola com um bico e faço com que ela caia, maciamente nos meus pés atacantes, chuto com precisão mas você faz uma extraordinária defesa.
Se abraça com ela no gramado, protegendo-a de mim.
Espera que eu me afaste um pouco e lança-a com as mãos pra si mesmo, lateral esquerdo, sua posição inconteste, seu domínio.
Me atrai pra brincar de gato e rato, ri frontalmente de meu esforço pra roubar a bola, ladrão que sou.
E passa por mim como um foguete, me fazendo comer grama e escorregar.
Vai em velocidade, sem que eu, meio de campo ou zagueiro, consiga te reter.
E me vejo goleiro, frente à frente, com você, que dá uma paradinha antes de chutar à gol.
Espero ofegante, com os olhos esbugalhados e fixos o potente chute, quando soa um apito e te coloca em impedimento..
Você xinga, esbraveja, reclama, eu rio, alivio, respiro.
Impedimento benvindo.
Cobrado o impedimento, a bola é atraída por seus pés que a controla, pisa nela e escolhe a jogada por fazer.
Lança um olhar e percebe as traves desprotegidas, chamando por um gol certeiro e chuta, em curva, sem dificuldade pra acertar as redes.
E é gooooooooooooooooooooooooooollll!
Golaço! De craque, que você é.
Atinge de supetão, com precisão, jogada ensaiada e previsível.
Nesse momento, me convenço que sou time de várzea, me esforço, treino, mas não sou nenhum craque.
Tenho que respeitar medalhão, o que conhece o jogo, o que dedicou sua vida a jogar e que quer ganhar.
Aprendi a perder no jogo, sem desculpas.
Sou perna de pau, vivo contundido, perco nos dribles e não ganho nem um ponto. Unzinho, que seja.
Mas quando tiro as chuteiras e coloco os sapatos comuns, ninguém ganha de mim. Sou rei.
E, apesar de jogar mal demais, jamais cavei penalti, nunca fiz catimba e sempre cumprimentei os adversários pela vitória.
Minhas partidas sempre terminam com o respeito que o outro time merece.
Tiro o uniforme suado e sujo da batalha que perdi, tomo um bom e revigorante banho, e me preparo para o próximo jogo.
Possivelmente, perderei mais uma e mais outra e mais centenas de vezes.
Mas sou imbatível no fair play.